
Os cafés antigos de Lisboa, assim como algumas pastelarias da capital, sempre foram espaços de união e reunião e alguns já o são desde o século XVIII.
Vamos conhecer os cafés antigos de Lisboa, alguns deles com mais de 200 anos de história?
Índice
Café de São Bento (1982)
Fundado em 1982, o Café de São Bento foi criado para homenagear os cafés mais históricos de Lisboa, recriando a atmosfera clássica destes lugares.
É inspirado nos antigos Cafés Marrare, famosos no final do século XVIII e inícios do século XIX, e pelos seus tradicionais Bifes à Marrere, que acabou por se tornar um ícone da gastronomia lisboeta.
Próximo do Parlamento e localizado na principal “via das antiguidades”, na Rua de São Bento, entrar num dos mais antigos cafés de Lisboa é fazer uma autêntica viagem no tempo, onde a decoração e a própria carta são os principais destaques.
Morada: Rua de São Bento 212 (Chiado/Cais do Sodré)
Snob Bar (1964)
No Bairro Alto existe um sítio muito especial e cheio de histórias para contar, desde 1964: o Snob Bar, localizado numa antiga oficina de latoaria e que rapidamente se tornou num ponto de encontro para intelectuais, jornalistas, políticos e artistas.
É inspirado nos clubes ingleses, com uma decoração com móveis de madeira escura, estofados de couro verde-escuro e candeeiros em latão, conferindo a todo o espaço uma atmosfera intimista e, ao mesmo tempo, elegante.
Ao longo de todos estes anos destacou-se pelo seu Bife à Snob e, tal como no café anterior, para entrares aqui também tens de tocar à campainha.
De realçar ainda que, em 2024, o Snob Bar sofreu uma cuidadosa renovação, mas não te preocupes porque não ficou todo modernaço: manteve a sua essência histórica, adaptando-se apenas às exigências das novas gerações.
Morada: Rua de O Século 178 (Bairro Alto)
Martinho da Arcada (1782)
É já há mais de 240 anos que o Martinho da Arcada dá vida e aroma a café à Praça do Comércio.
Fundado a 7 de janeiro de 1782, foi uma inovação para a época, numa cidade dominada por tabernas, e teve muitos nomes até se ter fixado na nomenclatura “Martinho da Arcada”, em 1845.
É café e restaurante e, ao longo de mais de dois séculos, foi porto de abrigo de governantes, políticos, militares, artistas e escritores.
Porém, o mais ilustre cliente assíduo foi Fernando Pessoa, que aqui escreveu alguns poemas.
Morada: Praça do Comércio 3 (Baixa)
Confeitaria Nacional (1829)
A funcionar desde 1829, a Confeitaria Nacional continua a ser propriedade da família que a fundou.
Se no início foi criada à semelhança das patisseries parisienses, depressa passou a fabricar iguarias bem tradicionais – o bolo-rei é, sem dúvida, um dos ex-libris da casa e consta que foi neste estabelecimento que tal bolo começou a ser vendido em Portugal, em 1870.
Morada: Praça da Figueira 18B (Baixa)
Pastelaria Benard (1868)
Em 1868, Élie Benard abriu uma pastelaria na Rua do Loureto e este foi o ponto de partida da emblemática Pastelaria Benard, que se fixou depois na Rua Garrett, no Chiado, em 1902.
De realçar que o termo “pastelaria” só começou a ser usado em 1926, quando a Câmara começou a taxar as placas dos estabelecimentos em línguas estrangeiras.
Nos anos 40, a Pastelaria conhece nova gerência e o espaço recebe eventos memoráveis, destacando-se um jantar para a Rainha Isabel II durante a sua visita a Portugal, em 1957. A estrela da casa continuam a ser os croissants.
Morada: Rua Garrett 104 (Chiado)
A Brasileira (1905)
Depois da abertura da primeira Brasileira no Porto, em 1903, a capital depressa recebeu um espaço similar, inaugurado em 1905.
Embora tenha havido outra no Rossio, é a do Chiado que hoje persiste, onde Pessoa nos recebe na esplanada desde 1988.
É, sem dúvida, um dos locais mais emblemáticos do Chiado e foi palco de tertúlias intelectuais e artísticas que marcaram o início do século XX em Lisboa.
Morada: Rua Garrett 122 (Chiado)
Pastelaria Versailles (1922)
Inaugurada em 1922, a Versailles serviu de polo cultural e social das Avenidas Novas – foi o primeiro grande café do bairro.
Felizmente, mantém-se fiel a si mesma e por aqui ainda são raros os turistas. Toda a pastelaria é divinal mas nós continuamos a adorar os croquetes.
Morada: Avenida da República 15 A (Avenidas Novas)
Café Nicola (1787)
O que começou por ser Botequim do Nicola (do italiano Nicola Breteiro que o fundou, ainda no século XVIII, em 1787) passou a Café Nicola, em 1929.
Em 1935, o espaço foi finalmente intervencionado com os detalhes que são hoje a sua imagem de marca, com destaque para as pinturas de Bocage e o estilo Art Déco.
Foi, aliás, um dos espaços favoritos do poeta e ele ainda se faz sentir numa estátua presente na sala de refeições. Será sempre lembrado como ponto de encontro de intelectuais e agitadores sociais.
Morada: Praça Dom Pedro IV 24/25 (Rossio)
E já que estamos a falar de café, vale sempre a pena recordar os Cafés Negrita, fundada em 1924 e atualmente detentora do título de mais antiga torrefação de Lisboa.