Um passeio pela baixa lisboeta não fica completo sem uma visita à Casa dos Bicos, que fica junto ao Campo das Cebolas, ali como quem vai para a estação de Santa Apolónia ou se vai aventurar e perder nas ruas de Alfama.
Se nunca foste até lá, hoje levantamos-te a pontinha do véu, para que assim que tenhas oportunidade visites um dos sítios em Lisboa com mais história por metro quadrado.
Para chegares até à Casa dos Bicos deves procurar a Rua dos Bacalhoeiros, conhecida pela sua oferta gastronómica e por ter sido uma das primeiras ruas a serem pintadas para dar mais espaço aos transeuntes.
Um pouco de história
Especula-se que a Casa dos Bicos tenha sido edificada depois de 1522, há precisamente 500 anos, portanto.
Brás de Albuquerque, filho do governador da Índia Afonso de Albuquerque, terá sido o responsável por ordenar ao arquiteto Francisco de Arruda a obra que hoje em dia é atração para todos os que passam pelo conhecido Campo das Cebolas.
A Casa dos Bicos já sofreu inúmeras alterações até aos dias de hoje. Ainda assim, é considerada a mais importante residência lisboeta do tempo renascentista, assemelhando-se a outras construções civis de Itália (Palácio dos Diamantes de Ferrara) ou Espanha (Palácio dos Duques do Infantado) através da peculiar fachada em formato de bicos (ou diamantes).
O terramoto de 1755 em Lisboa foi catastrófico para a Casa dos Bicos, tendo sofrido bastante no que respeita aos seus andares superiores.
Em 1955, a Casa dos Bicos passa a ser gerida pela Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido algo de uma grande reabilitação em 1981, pelos arquitetos Manuel Vicente e Daniel Santa-Rita, que lhe voltaram a conferir o aspeto arquitetónico original.
É em 2008 que aparece em todas as notícias nacionais, quando o município lisboeta cede os andares superiores à fundação do Prémio Nobel de Literatura português, José Saramago.
Muitos acreditam que a Casa dos Bicos é a casa do Saramago, por ter sido aqui instalada a sua fundação, mas a verdade é que uma coisa não tem nada a ver com a outra. São espaços completamente distintos. Mas já lá vamos!
Tendo os pisos superiores sido entregues à Fundação José Saramago, é nos andares térreos que vais encontrar uma das grandes novidades deste edifício: o núcleo arqueológico.
No Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos, integrado na rede do Museu de Lisboa, vais encontrar vestígios recuperados de uma campanha arqueológica desenvolvida em 2010: vestígios romanos (como cetárias), troços da muralha tardo-romana e da muralha medieval, além de objetos recolhidos nas várias campanhas arqueológicas que passaram pelo local, como cachimbos ou vasos.
Este centro conta ainda a história da cidade desde a ocupação romana até ao século XVIII, destacando-se ainda o facto de a entrada ser gratuita, ao contrário da entrada para a Fundação José Saramago, que custa 3€.
Como chegar até lá
Podes chegar até à Casa dos Bicos através do Metro do Terreiro do Paço ou via autocarros da Carris: 728, 735, 759, 794 (elétricos 12E 28E). Para estacionar existe o parque público do Campos das Cebolas, o Chão do Loureiro e as Portas do Sol.
Morada: Rua dos Bacalhoeiros 10
Horário: segunda a sábado das 10h às 18h (encerra aos domingos e feriados)
Bilhetes: grátis