Qualquer roteiro como este seria, no mínimo, divertido e curioso, mas enquanto ninguém pega na ideia, levamos-te nós até às ruas da cidade com os nomes mais estranhos.
Vem daí e descobre as histórias que inspiraram uma mão cheia de recantos lisboetas.
As ruas com os nomes mais “estranhos” em Lisboa:
Triste-Feia (Alcântara)
Escondida entre a Rua Maria Pia e a Rua Costa, junto à estação de Alcântara, a Triste Feia deve o nome a uma mulher que se sentava todos os dias à porta do nº 28 desta rua.
Além de ser feia, também costumava andar triste, dizem os moradores mais velhos da zona, daí a origem do nome.
Embora nunca a tenham visto, lembram-se dos pais e dos avós contarem esta história que ficou para sempre e ganhou direito a placa toponímica.
Escadinhas dos Terramotos (Campo de Ourique)
Ora aqui está um nome que leva muitos ao engano, incluindo os próprios moradores. A maioria pensa que estas escadinhas (junto à Rua Maria Pia) foram batizadas por causa do terramoto de 1755, mas não é bem assim.
A verdadeira razão deve-se aos muitos aluimentos de terras que ali aconteciam no início do século XX. Tantos, tantos, que quase pareciam… terramotos.
Jardim das Pichas Murchas (Castelo)
Muitos sorrisos e gargalhadas já arrancou a placa do Jardim das Pichas Murchas, ali para os lados do Castelo de São Jorge, junto à Rua de São Tomé.
Não é preciso explicar-te o porquê do nome, pois não? Agora o que talvez não saibas (nós também não sabíamos) é que o jardim foi batizado por um calceteiro chamado Carlos Vinagre, que adorava fazer troça dos muitos idosos que ali se juntavam.
Os mais puritanos ainda tentaram mudar o nome a este jardim, mas o povo juntou-se e acabou por ficar para sempre.
Beco do Surra (Alfama)
Fica descansado que ali ninguém levou pancada. O porquê do nome não é consensual e já levantou várias teorias sobre este recanto escondido entre a Rua do Museu da Artilharia e a Rua dos Remédios, em Alfama.
Há quem defenda que vem do nome ou alcunha de alguém que ali viveu, mas o mais provável é ter origem numa antiga profissão, a de surrador, relacionada com a arte de curtir as peles.
E, realmente, no passado, trabalhavam muitos surradores naquela zona. Faz sentido, não faz?
Travessa do Fala Só (São Pedro de Alcântara)
Mais um caso em que parece ter sido o povo a batizar a rua. Não há certezas, mas todos acreditam (até os especialistas em toponímia) que esta travessa a dois passos do ascensor da Glória foi buscar o nome a um homem que falava sozinho.
E quem era ele, perguntas tu? Ninguém sabe. O mais certo é ter vivido ou trabalhado naquela travessa, mas a verdadeira identidade continua um mistério.
Provavelmente, nem o próprio alguma vez soube que teve direito a nome de rua.