
Se bem te recordas, uma das medidas que a Câmara de Lisboa adotou para fazer frente aos prejuízos que a pandemia causou em vários negócios, sobretudo aos de restauração, foi a substituição de alguns lugares de estacionamento por pequenas esplanadas, que pudessem, de alguma forma, minorar a quebra de faturação.
Contudo, decorridos dois anos, estes negócios começaram a receber um aviso de que essas esplanadas deveriam voltar a dar lugar ao anterior propósito do espaço, ao parqueamento automóvel.
Dos dois lados da barricada existem os moradores, que querem voltar a ter mais lugares para poderem estacionar na sua zona de residência; e os empresários, que querem manter tudo tal como está e, com isso, continuar a manter os seus negócios mais rentáveis.
Os bairros mais “polémicos”
Esta situação acontece, sobretudo, nos bairros onde esta medida mais foi implementada, nomeadamente nas juntas de freguesia de Arroios, Penha de França e Santo António.
Segundo o jornal O Público, enquanto em Arroios e Santo António estão mais inclinados para defender os moradores e voltar a ceder os espaços para estacionamento, na Penha de França a opção está em “proteger” os negócios que por ali foram abertos, mesmo antes da pandemia, mantendo as esplanadas.
Quem já recebeu a carta com o pedido para serem retiradas as esplanadas falava que estas deveriam ser desmanteladas até ao último dia do ano, 31 de dezembro. Mas há ainda muitos negócios que não receberam a missiva, pelo que esta situação deverá “arrastar-se” durante mais alguns dias.
Pode ainda ler-se que, caso os negócios não desmontem as ditas esplanadas, a câmara encarregar-se-à de o fazer, imputando os custos aos proprietários das mesmas.
As juntas é que decidem
Os empresários sempre souberam que estas medidas eram excecionais e transitórias, pelo que, caso não exista nenhuma forma de chegar a um acordo, também ele excecional, é bem possível que tudo volte ao que estava antes da pandemia.
Arroios, que possui 49 espaços nestas condições, é a freguesia mais visada nesta contestação, tendo já sido avisada para retirar as esplanadas até ao final do passado mês de setembro de 2022.
Contudo, a contestação que se fez sentir obrigou a freguesia a dar um passo atrás, prorrogando a decisão até ao final desse ano, e depois, por ordem da Câmara de Lisboa, até durante mais um ano, ao final de 2023.
Findo este, cabe agora a cada uma das juntas de freguesia deliberar sobre a remoção, ou não, das ditas esplanadas. Ou se, porventura, se consegue chegar a algum tipo de acordo, sendo que este teria sempre de ir de encontro às reclamações dos moradores.
A freguesia de Santo António, a segunda com mais esplanadas, com 51, também prevê a retirada de 39 destes espaços para voltar a dar lugar ao estacionamento.
Quanto à Penha de França, com 31 esplanadas montadas em lugares de parque automóvel, o jornal O Público avança que 28 delas são para manter, visto terem sido ponderados os postos de trabalho que todo o desmantelamento causaria.
Em Alcântara, das 22 esplanadas só restam 16. E na freguesia de Santa Maria Maior, onde ficam os típicos bairros de Alfama, Mouraria, Baixa e Castelo, tal situação nunca foi um problema por ali não existirem assim tantos lugares de estacionamento.
No total, são 365 as esplanadas temporárias que ocupavam 453 lugares de estacionamento, e que agora se veem a braços com um tema muito delicado que envolve tanto os moradores como o tecido empresarial da cidade.
Este é o guia que precisas para descobrir as melhores esplanadas em Lisboa