Há uma marca de cerveja que diz na sua publicidade que é “provavelmente é a melhor cerveja do mundo”, numa alusão muito bem feita entre o significado das palavras “provável” de probabilidade e “provável” de gosto. Não querendo “usurpar” a criatividade desta marca, na nossa opinião, o ramen dos restaurantes Ajitama são, “provavelmente”, os melhores em Lisboa.
Publicidades à parte, nas próximas linhas vamos contar-te a história destes espaços lisboetas, assim como foi a nossa experiência num dos seus dois restaurantes na cidade.
É preciso ir ao Japão
Acreditamos que é na origem que está a verdadeira essência das coisas. E a receita do ramen que podes provar nos restaurantes Ajitama podem muito bem justificar o sucesso que os amigos e sócios António Carvalhão e João Azevedo Ferreira estão a ter na capital, servindo este delicioso caldo japonês todos os dias entre as 12h e as 00h, como acontece com as tradicionais tabernas desta especialidade no Japão.
A história não é muito complicada: dois amigos que passaram muito tempo por vários países asiáticos, apaixonaram-se pelas terras nipónicas e quando deram por isso, viram no popular prato ramen a sua refeição preferida.
Daí até 2015, já em Portugal, deram conta que lhes fazia falta algo para aquecer os seus dias, embarcando numa missão de 13 meses que lhes permitiu ter pronta e afinada a atual receita de ramen, e que agora partilham com todos os seus clientes em dois restaurantes Ajitama, um na Rua do Alecrim e outro na Duque de Loulé, a que deram os nomes de Ajitama Noodle Temple e Ajitama Egg Temple, respetivamente.
Mas antes de abrirem estes espaços, a casa do António serviu de testes para o aperfeiçoamento da receita. Durante um ano e meio serviram centenas de pessoas, todos os sábados à noite.
Foi quando perceberam que a clientela pedia mais, e só nessa altura abriram o primeiro restaurante, em 2019, não sem antes frequentarem um curso de ramen, com os Chefs da melhor escola de Tokyo, a Rajuku, comandada pelo sensei Takeshi Koitani.
Inspiração nipónica, do prato até ao teto
Assim que entrares num destes santuários do ramen, vais reparar que estás numa dimensão totalmente diferente, com a decoração a assumir todo o protagonismo… antes de provares o caldo, claro!
E não, não estamos a falar das cores fortes ou dos símbolos e da cultura Pop japoneses que vemos muitas vezes neste tipo de espaços.
Nos restaurantes Ajitama vais encontrar uma decoração bem mais sóbria e irreverente, com as madeiras penduradas a assumirem as formas enroladas dos noodles.
Estes pormenores mais estéticos deixamos ao teu critério, mas que são muito bonitos e arquitetónicos, lá isso são.
Onde está o segredo?
Já comemos ramen em vários restaurantes espalhados pela cidade, e quase todos dizem o mesmo: o segredo está nos caldos (de porco, frango, peixe ou vegetais) que podem demorar até quase um dia a confecionar.
Cada um gosta do ramen à sua maneira, com ou sem ovo, com muito ou pouco picante, vegetariano ou com carne.
Nos Ajitama, dos amigos António e João, há sete opções para provares. Por isso, não te faltarão experiências – uma por cada dia da semana – sempre que por lá passares.
A nossa experiência no Ajitama
Fomos mimados, muito mimados no restaurante Ajitama da Rua do Alecrim, onde nos serviram tudo e mais alguma coisa, especialmente aquele que também consideramos um dos melhores ramen que já provámos em Lisboa.
O espaço é muito bonito, digno de figurar na nossa já extensa lista dos restaurantes mais bonitos da cidade (havemos de pensar nisso na próxima atualização). Mas vamos ao que interessa!
Para iniciar o fumegante repasto, começámos por algo mais fresco, pelos cocktails.
De entre os 10 disponíveis, veio para a mesa um Tokio Sour, uma versão nipónica do famoso Pisco Sour do Peru; dos sete sakes, escolhemos o Sake Shogun; e dos quatro tipos de cervejas, serviram-nos uma imperial japonesa Asahi geladinha. Estamos prontos para começar com as entradas.
Como somos gulosos e não conseguimos resistir a uns bons – e potencialmente picantes – pimentos padrón, começámos por esta entrada, Padron Togarashi, bem ao estilo nipónico.
Depois, deram-nos a provar o Nasu Dengaku, composto por uma gigante beringela tostada no forno, barrada com pasta de miso e com a companhia do fragrante negi, ou cebolo.
Como éramos três, ainda nos chegaram à mesa as famosas e ultra-deliciosas Gyozas, dumplings japoneses recheados de carne de frango ou de, simplesmente, verduras estaladiças acompanhadas de cenoura, ervilhas, edamame e sementes de sésamo.
O ator principal vinha logo de seguida, e nesta altura pedimos a ajuda da casa: de entre as sete opções disponíveis, qual é o ramen que devemos mesmo provar? Para a mesa seguiram as duas especialidades da casa.
Eu escolhi o Kashunattsu Tantanmen que, nas palavras do Ajitama, é o “next level” do ramen, com caldo Pai Tan de 20 horas, picante Ra-Yu caseiro e Chi-Ma-Jan (molho de sésamo e cajús triturados). Wow, que loucura! Que sabor incrível!
O Ringo escolheu o Tonkutsu Hakata, que é uma especialidade da casa com um caldo à base de porco que demora 18 horas a cozinhar.
O nosso colega Luís optou por algo diferente, porque no Ajitama há comida para todos os gostos. A sua escolha recaiu no Gyudon, que é carne de vaca fatiada com cebola em marinada caseira numa base de arroz japonês.
Também poderia ter optado por um Japanese Curry ou por um Chashu Don, sobre os quais também já ouvimos falar muito bem.
Numa próxima visita não hesitarei em levar o meu mais pequeno, que pode escolher entre um Ramen Shoyu Kids, que também é perfeito para quem está agora a começar nesta nova cozinha de massa quente; ou um Kids Gyosas Don, com o qual as crianças podem provar seis destas iguarias.
Antes de pagarmos a conta, sim, queremos sobremesas. Já ouviste falar das bolachas Lotus? É que a Tarte de Abóbora de Hokkaido vem com uma e é qualquer coisa de incrivelmente delicioso.
O Ajitama do Chiado é, de facto, sublime e não deixa os seus créditos por mãos alheias. É mesmo um dos melhores, e serve, “provavelmente”, o melhor ramen de Lisboa.
Estamos curiosos por ir ao – dizem – sensacional espaço na Duque de Loulé, ali para os lados do Marquês. Depois contamos-te tudo!
Morada: Rua do Alecrim 47A (Chiado); Avenida Duque de Loulé 26 (Marquês de Pombal)
Horários: todos os dias, entre as 12h e as 00h
Reservas: no site