Lisboa tem mais uma taberna, típica por dentro, mas com um toque de modernidade e sofisticação nos pratos que chegam à mesa.
Afinal, não nos recordamos dos antigos tascos servirem ostras, e na Taberna Meia Porta podes provar algumas das mais frescas da cidade… além de muitos outros petiscos.
Inspirado no mote americanizado “make tabernas great again”, o Chef Fred Frank abriu este espaço gastronómico junto à Calçada do Combro, como quem desce do Chiado até São Bento, com um menu focado em produtos frescos e locais que, segundo o mesmo, devem ser partilhados entre família e amigos.
Segundo o Chef de serviço, que já passou pelas cozinhas do C.T. de Nova York, de Claude Troisgrois, pelo Canvas e Le Tan Tan em São Paulo, do francês Emmanuel Bassoleil, e, já em Lisboa, comandou o Quiçá e foi o Chef executivo do Copo de Mar,
A minha ideia é descomplicar os sabores. Eu cozinho de forma a valorizar o produto, as receitas e os preparos. Combino aquilo que acredito ser bom e quero que as pessoas consigam identificar os sabores.”
Uma tasca “à antiga”
É ótimo saber que o espírito das antigas tascas é apreciado pelos novos donos do antigo restaurante Floresta do Alcaide.
Dentro do novo Taberna Meia Porta encontrámos uma série de mesas corridas, e também uma redonda, para famílias ou para grupos, com tampos de mármore e com as típicas “cadeiras à tasca”, que convidam a alegres ajuntamentos pela noite adentro, mas também a almoços mais demorados, pelo menos até às 15 horas, altura em que fecham a outra metade da gigante porta pintada de verde.
Nas paredes, os azulejos centenários, herança dos últimos gerentes, que também aqui deixaram a antiga máquina de imperial e algumas panelas, que agora servem de elementos decorativos à nova casa, que é capaz de albergar 25 comensais que, assim que aqui entram, se sentem como se estivessem em casa.
A nossa experiência
Foi dessa forma que nos sentimos assim que entrámos na Taberna Meia Porta para experimentar alguns dos seus já afamados petiscos.
O ambiente é acolhedor e tudo o que nos foi dado a provar, desde as entradas até ao vinho, foi explicado com total detalhe, denotando-se um orgulho extremo no uso de produtos frescos e locais, o que muito nos agradou.
A nossa experiência começou com uma seleção de entradas que demonstram a versatilidade e criatividade desta casa.
Provámos, juntamente com uma Copita de Porco Preto (7,50€), uma variedade de pickles única, muito diferente daqueles que compramos em frascos, nos supermercados.
Um pequeno pires, cheio de pickles caseiros (5€) de todas as cores e feitios, trouxeram a frescura e a acidez equilibrada, preparando o nosso paladar para os sabores mais ricos que se seguiram, para as Ostras Vinagrete (11€), oriundas de Aveiro ou da Ria Formosa de Olhão, que se destacaram pela delicadeza e pelo toque cítrico do molho.
A seguir, uma das especialidades da casa, daquelas de quem todos falam, o Croquete de Sapateira (9€), e não é para menos.
Sabes muito bem como adoramos croquetes, e este é mesmo daqueles de bradar aos céus… Oh meu Deus, que delícia!
Ainda antes de escolhermos os pratos principais, fomos brindados com Moelas de Frango (9€) e Arroz de Abóbora (8,50€), ambos cozinhados na perfeição e que nos deram aquela sensação de conforto, surpreendendo pela suavidade e doçura natural. E ainda só vamos nas entradas!
Nos pratos principais, a qualidade de todos os ingredientes subiu de nível. A Espetada de Atum (16€), grelhada no ponto certo, apresentou-se bastante suculenta e bem temperada, com um molho de mostarda que potenciou ainda mais todos os sabores robustos deste peixe.
Já o prato de carne, o nosso preferido (e como foi difícil escolher apenas um), a Barriga de Porco e Grãos (15€), foi uma verdadeira surpresa e explosão de sabores, com a camada de gordura crocante a fazer as despesas da casa, acompanhada por uns surpreendentes grãos de bico temperados na perfeição.
Mas uma das melhores surpresas estava guardada para o fim, para as divinais sobremesas.
Escolhi o que escolho quase sempre que existem sobremesas com chocolate, portanto, a Mousse de Chocolate com Ginja (6€), que na Taberna Meia Porta combina o amargo do cacau com a ligeira doçura da ginja; e o Ringo optou pelo Bolo Amêndoa D’Ovos (6€), com um creme incrível de fazer babar o menos guloso dos gulosos.
Mas os donos do restaurante não nos deixaram sair sem provar o Arroz Gelado e Doce (6€), que é uma magnífica e surpreendente reinterpretação da tradicional receita portuguesa, mas com uma textura cremosa como nunca provámos.
Não é gelado com sabor a Arroz-Doce… é gelado feito com o próprio Arroz-Doce. Bem, não é fácil explicar por palavras, tens de lá ir tu e provar!
Para acompanhar toda a nossa experiência na Taberna Meia Porta, seguimos a sugestão de vinho (também servem a copo), de onde podes escolher entre três gamas distintas, tanto em sabor como em preços, que vão desde o italiano Poggio Anima (22€), passando pelo espanhol Gomez Cruzado (37€) até ao português Moreish (55€).
A experiência nesta moderna e simpática taberna moderna não é só sobre comida. Serviu também para celebrar a combinação entre a tradição e modernidade, que estão presentes em cada detalhe, desde os pratos até à seleção de vinhos que harmonizam perfeitamente com as propostas do menu.
Morada: Travessa do Alcaide 22A
Horários: de terça-feira a sábado, das 19h às 22h; sextas-feiras e sábados, das 12h30 às 15h30
Menu e reservas: no site ou pelo telefone 21 011 48 96