
Algumas das lojas mais antigas de Lisboa estão a desaparecer e o sentimento não é menos do que de tristeza, não só para os atuais donos como para todos os lisboetas que durante todas as suas vidas passaram à frente destas montras.
Lisboa tem uma série de lojas históricas, conhecidas pela sua antiguidade e resistência aos tempos modernos na cidade, sendo que muitas delas são mesmo centenárias.
O projeto “Lojas com História” continua a tentar que estes negócios, conhecidos por serem “os primeiros” na cidade, continuem a ser preservados, ao mesmo tempo que se conferem dinamizações que os mantenham de portas abertas, mas a verdade é que pouco há a fazer quando crises económicas, e até mesmo pandémicas, começam a deixar vazias as caixas registadoras.
Bem, esta lista de lojas com história está prestes a ficar mais reduzida, com as notícias que três das lojas mais antigas de Lisboa vão mesmo fechar as suas portas para sempre.

Casa Chineza (1866-2023)
A primeira, da série de três lojas mais antigas em Lisboa, a fechar foi a Casa Chineza, 157 anos depois da sua inauguração.
Esta pastelaria na baixa lisboeta abriu as suas portas ainda no século XIX, e vendia chás, café e louças orientais, assim como a maioria dos estabelecimentos comerciais nesta época.
Apesar de não fazer parte do projeto “Lojas com História”, a Casa Chineza é, sem dúvida, um espaço carregado de muitos momentos, que com certeza deixará saudades a todos os clientes que por ali ainda bebiam o seu “cafézinho” ou comiam as suas tartes de maçã e broas de mel.
Não é conhecida a razão pela qual encerrará as suas portas depois de 157 anos em atividade plena, mas a julgar pelo que acontece atualmente na baixa da cidade, é bem possível que por ali se instale um novo hotel.

Livraria Ferin (1840-2023)
Depois de 183 anos no ativo, também a livraria Ferin vai fechar as capas dos seus livros para toda a eternidade.
Fundada em 1840 num antigo convento por uma família belga, é a segunda livraria mais antiga do país, logo a seguir à Bertrand, que detém o recorde do Guiness da livraria mais antiga do mundo ainda em funcionamento.
Frequentada por ilustres escritores como Eça de Queiroz, Fernando Pessoa ou José Saramago, tendo escapado por pouco ao incêndio do Chiado.
Em 2016 esteve quase a fechar, mas o fundador da Ler Devagar e do Folio (festival em Óbidos), José Pinho, conseguiu manter as estantes com as inúmeras obras literárias intactas.
Com a morte do fundador e os vários problemas financeiros dos últimos tempos, tornou-se inviável a continuação de um dos projetos mais antigos da capital

Barbearia Campos (1886-2023)
Grandes personalidades da vida lisboeta passaram pela Barbearia Campos, no Chiado, desde Fernando Pessoa, Ramalho Ortigão, Almada Negreiros ou até Vasco Santana, que aqui apararam os seus bigodes e barbas
Fundada em 1886, ostentava desde sempre uma bela bancada em mármore de Carrara e as suas cadeiras de barbeiro do início do século XX.
Contudo, assim que aqui entravas, davas ainda conta de uma exposição de relíquias de barbeiro, nomeadamente os instrumentos e utensílios mais antigos desta nobre profissão.
Hoje em dia, Lisboa parece que foi “invadida” por este tipo de negócios, e isso não é mau, mas a verdade é que se tornou catastrófico para barbearias como a Campos.
Onde agora estava a mais antiga barbearia do país, vais começar a ver uma nova empresa de artesanato português.

Lojas históricas de Lisboa: uma lista de negócios que se confundem com a própria cidade