É possível que nunca tenhas reparado numa coluna cilíndrica, com cinco metros de altura e outros tantos anéis, que fica no Beco do Chão Salgado.
Fica ali entre o Mosteiro dos Jerónimos e a Fábrica dos Pastéis de Belém, em Belém, e é conhecida por Padrão ou Obelisco do Chão Salgado e na sua pedra pode ler-se algo como
Aqui foram arrasadas e salgadas as casas de José de Mascarenhas, exautorado das honras de Duque D’Aveiro e outras, condenado por sentença proferida na suprema Junta de Inconfidência, em 12 de Janeiro de 1759. Justiçado como um dos chefes do bárbaro e execrando desacato que na noite de 3 de Setembro de 1758 se havia cometido contra a real e sagrada pessoa de D. José I. Neste terreno infame se não poderá edificar em tempo algum.”
A história trágica
A história que se conta desta pequena artéria lisboeta é bastante sangrenta e politicamente ardilosa.
Conta-se que foi aqui que, alegadamente a mando dos Távoras, foi feita uma emboscada ao Rei D. José I, em 1758, quando este visitava uma “amiga”, pertencente à família dos Távoras.
O Marquês de Pombal, sem qualquer prova e sob tortura a estes dois homens, “arrancou-lhes” uma confissão que acusava o Duque de Aveiro e a sua família de estarem por detrás daquela emboscada, contando-se até hoje que os motivos seriam políticos, como forma de fazer desaparecer a Casa Távora.
Um ano depois, na Praça de Belém, foram também executados, publicamente, os Távoras, uns degolados e outros queimados e deitados ao rio Tejo
Anos mais tarde, em 1781, a pedido do Marquês de Alorna, familiar dos condenados, foi pedido uma nova análise do processo dos Távoras, que apontava diversas irregularidades, tendo sido absolvidos vários dos alegadamente culpados.
Ainda assim, a Rainha D. Maria I nunca confirmou a nova sentença, e apesar de não simpatizar com o Marquês de Pombal, retirou-lhe todos os poderes, acabando ainda por o expulsar de Lisboa.
O sítio do “chão salgado”
O Marquês de Pombal, depois da execução dos dois alegados criminosos, mandou salgar o chão onde antes existir o Palácio do Duque de Aveiro, para que nada mais crescesse naquele local, agora Beco do Chão Salgado.
Contudo, a proibição de construir fosse o que fosse neste pedaço de terreno deixou de ser respeitada logo no reinado de D. Maria I, transformando-se naquilo que é hoje, um pequeno beco com um pináculo cheio de história.
A importância do Marquês de Pombal depois do terramoto de 1755 em Lisboa