O artista Superlinox, cada vez mais comparado ao Banksy, o street artist mais conhecido no mundo inteiro, tem uma nova peça de arte na capital, mais propriamente em Carcavelos.
Chama-se Alice, mas como afirma o autor,
Esta Alice não vem do “País das Maravilhas”. Esta Alice vem do futuro – de um futuro onde o nosso planeta morreu de doença. A sua grande aventura é fazer-nos ver que a doença que está a destruir o mundo somos nós.
A mensagem é mais clara do que nunca: Superlinox fala da facilidade com que os humanos destroem o Planeta.
E, para isso, num viaduto em Carcavelos, usa uma escultura verde, com uma máscara de gás, virada para um pinhal enorme que está envolvido numa polémica visto ter sido dada ordem para o cortar, nascendo ali um empreendimento, na Quinta dos Ingleses.
O artista que ninguém conhece a identidade
Tal como acontece com o renomado artista Banksy, também é desconhecida a identidade do setubalense Superlinox, que está a colorir a cidade de Lisboa com alguns dos seus mais incríveis trabalhos, também eles carregados de mensagens.
Mas é apenas isso que têm em comum: ninguém saber quem são e usarem a sua arte para intervir junto da sociedade que, no caso do Superlinox, pode ser apreciada através de objetos e de pequenas estátuas coloridas, espalhadas um pouco por toda a capital, mas não só.
Há arte do Superlinox, mais especificamente uma máquina de lavar roupa cor de rosa, num telhado de um prédio abandonado junto à A2, e uma torradeira no topo do Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, só para nomear algumas intervenções fora de Lisboa.
Depois de ter exposto algumas destas instalações, finalmente se conseguiu saber um pouco mais sobre quem é que andava a colocar estas peças: Superlinox criou uma conta de Instagram onde partilhou alguns dos seus trabalhos, permitindo a todos perceber que estávamos perante uma demonstração artística. A identidade continua, ainda, por desvendar.
Sabemos que as suas bases vêm do graffiti e da arte urbana, é licenciado em Belas Artes na Universidade de Lisboa, mas cedo percebeu que o seu caminho teria de fugir ao convencional, e neste guia fotográfico vais poder ver alguns dos trabalhos pelos quais é mais conhecido.
De salientar que muitos dos trabalhos podem já não estar nos locais onde foram fotografados. É que a grande maioria julga-se ter sido roubada ou retirada pelas autoridades camarárias.
Legenda no Instagram:
Quando duas pessoas “dão um bacalhau” estão a realizar um pequeno grande gesto: simboliza (em princípio) a confiança entre as duas; pode significar respeito, consideração, afecto ou carinho. É também o gesto com que se fecham contratos (também em princípio) de boa-fé.
Já toda a gente terá tido a experiência desagradável de receber uma recusa ao estender a sua mão. Agora imaginem a tristeza deste homem! Dá para imaginar a quantidade de vezes que o seu gentil passou-bem foi rejeitado? O homem-pombo vai acabar por se afundar na frustração – se não é que já se afogou nela. Já repararam que o homem chora, mas continua a sorrir?
…será a simpatia uma virtude incondicional?
Se calhar devíamos dar o nosso passou-bem ao homem! Lá porque a Fonte está cada vez mais suja e seca, não quer dizer que também tenhamos que estar. Afinal, não é tudo isto responsabilidade nossa?”
Legenda no Instagram:
A Sónia vive numa casa partilhada com outros seis inquilinos, num quarto sem janela. Sempre que a cozinha está demasiado concorrida, vai à rua apanhar ar e não desanima.
Quando desanima, vai à farmácia e refugia-se em comprimidos para a ansiedade.”
Legenda no Instagram:
Seja de bronze ou efémera, a grande ambição da Escultura sempre foi a de eternizar uma Ideia; no caso da estatuária, uma identidade. Além das intenções, talvez os materiais de uma escultura pública digam muito mais da sociedade em que vivemos do que pensamos.
A “Sofia” não consegue ter uma opinião sólida sobre a eternidade, mas há duas coisas que sabe muito bem: adora o Chiado e não suporta migalhas!
(Mas alguém gosta de migalhas?)
Legenda no Instagram:
“De quem é este mundo?”
Este mundo parecer ser do “Salvador”. E de todos aqueles cujo guia espiritual é a Lógica e o dinheiro, o seu Deus. A sua falta de humanidade fá-los olhar para as pessoas como meros recursos e talvez por isso se tenham tornado “homens de sucesso”. Não entendem a necessidade de viajar pelo mundo das emoções, nem da Arte, nem da Poesia, nem a necessidade de qualquer outro tipo de transcendência.
E quem é que tem coragem de se meter com os “senhores do mundo”?
“De quem é este mundo?”
O mundo é dos artistas.”
Legenda no Instagram:
When you are acting in public space – with or without freedom – the language has to be figurative and literal, otherwise it doesn’t work, right? Why does street-art need to be so literal and easy to understand? Is it because public space is like a giant supermarket and street-art some kind of a new marketing or decoration? It doesn’t matter if street artists are selling something or offering a whole new universe, as long as everyone understands it. Is there room in public space for artistic manifestations that require interpretation efforts from the audience?
I am going to assume that “Jennifer” needs no introductions, but I would like to ask: is “Jenny” an enemy or our salvation?”
Legenda no Instagram:
Um rafeiro,
cheio de mazelas,
sobre um pedestal,
no centro de Lisboa.”
Legenda no Instagram:
Iluminai as nossas vidas,
E os nossos fins-de-semana.Amen.”
Legenda no Instagram:
Nós achamos que olhamos para a Escultura mas e se for a Escultura que olha para nós? Os anos passam e milhares de pessoas cruzam-se diariamente com o Chiado e o Pessoa. A grande diferença é que as pessoas passam e eles ficam. Mesmo que o Mundo já não se interesse por poetas, não é o riso jocoso do Chiado e a (aparente) serenidade do Pessoa que permanecem na Largo do Chiado?!
Legenda no Instagram:
Somos todos tão diferentes e ao mesmo tempo todos tão iguais. Afinal, o que é que realmente nos une e o que é que realmente nos separa?
Um dia, seremos todos órfãos.
Talvez um dia, sejamos todos refugiados.”
A peça da máquina de lavar roupa colorida aparece em várias localizações de Lisboa, quase sempre em cima de uma paragem de autocarro.
Além desta, na Rua da Misericórdia, apareceu ainda nos Restauradores, na Alameda, na Avenida Almirantes Reis, no Campo Pequeno, na Estefânea, na 24 de Julho, junto à Gulbenkian, e na Avenida da Liberdade, junto ao cinema São Jorge, entre outros lugares, fora de Lisboa, que podes conhecer na página de Instagram deste já icónico artista.