Ainda me lembro como se fosse hoje! Do que se falou que iria ser este “mamarracho”, o termo mais usado na altura para apelidar este novo edifício na capital.
A verdade é que, volvidos 30 anos, o Centro Cultural de Belém, vulgarmente designado pelos lisboetas por CCB, é hoje em dia uma das maiores referências culturais da cidade.
O Centro Cultural de Belém fica localizado na Praça do Império, no bairro de Belém, junto a muitos dos grandes pontos de interesse turísticos de Lisboa, como a Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos Descobrimentos, entre outros.
1 – Sede da presidência portuguesa da União Europeia
Foi para ser sede da presidência portuguesa da União Europeia, em 1992, que o Centro Cultural de Belém foi construído, sendo posteriormente adaptado para desenvolver várias atividades culturais e de lazer.
2 – Demorou 4 anos a ser erguido
A construção do CCB começou em setembro de 1988 e concluída quatro anos mais tarde, em 1992, mesmo a tempo da presidência portuguesa da União Europeia.
O Instituto Português do Património Cultural lançou um concurso para a sua construção, onde foram recolhidos 57 projetos, sendo que apenas seis (6) foram convidados a desenvolver as primeiras maquetas.
A proposta vencedora foi a do consórcio do Arquiteto Vittorio Gregotti (Itália) e do Arquiteto Manuel Salgado (Portugal), que previa a edificação de cinco módulos:
- Centro de Congressos e Reuniões
- Centro de Espetáculos
- Centro de Exposições
- Zona Hoteleira
- Equipamento Complementar
Atualmente, já estão em funcionamento três desses módulos: o Centro de Congressos e Reuniões, o Centro de Espetáculos e o Centro de Exposições (atualmente Fundação de Arte Moderna e Contemporânea Museu Coleção Berardo), sendo que os restantes ainda estão a ser desenvolvidos.
3 – “Vestido” a rigor
Poucos darão tanta importância, mas o CCB está revestido com uma pedra calcária distinta.
“Abancado de Pêro Pinheiro” com acabamento “Rústico Gastejado”, bastante semelhante à pedra utilizada no Mosteiro dos Jerónimos, e em praticamente toda a Lisboa setecentista, este acabamento dá a todo o edifício um glamour muito especial, que podes notar nas diferentes horas do dia.
4 – Pequena cidade
A área de construção do CCB, de 97 mil metros quadrados, faz deste espaço uma pequena cidade dentro da cidade.
O edifício está distribuído em seis hectares separados por duas ruas internas e unidos pelo caminho José Saramago, capaz de criar uma continuidade com a gigante Praça do Império.
Lá dentro vais encontrar vários jardins, terraços, lagos, pontes, rampas, ruas e praças, de onde destacamos a nobre Praça CCB.
5 – Monumento de Interesse Público
O Centro Cultural de Belém é, desde 2002, classificado como Monumento de Interesse Público, através do Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 de fevereiro de 2002, incluído na Zona Especial de Proteção do Mosteiro de Santa Maria de Belém.
6 – Um “mamarracho” polémico
Como já avançámos logo no início, no final dos anos 80 e inícios dos anos 90, “mamarracho” era o adjetivo mais utilizado para descrever o Centro Cultural de Belém que, segundo a opinião pública, iria descaracterizar aquela zona ribeirinha da cidade.
A isto juntou-se a polémica sobre a escolha da sua implementação neste local, que teve como desculpa assinalar o ponto de partida dos descobrimentos marítimos, tal como já o fazia a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos, assim como, em 1940, também já teria acontecido com a grande Exposição do Mundo Português.
7 – Centro de Congressos e Reuniões
Idealizado para receber, de uma forma muito distinta, congressos e reuniões, sejam eles de que natureza e dimensão for, o Centro de Congressos e Reuniões possui os mais sofisticados equipamentos audiovisuais e cénicos.
É também neste módulo que vais encontrar os serviços gerais do CCB, as lojas, um restaurante, bares e os parques de estacionamento, abertos a todos os interessados.
8 – Centro de Espetáculos
É aqui que acontecem a maioria dos grandes espetáculos no Centro Cultural de Belém, sendo um dos pontos mais importantes pela qual este edifício foi criado.
Produções, apresentações e atividades artísticas de todo o tipo têm lugar neste espaço, que possui três salas de diferentes tamanhos para acolher qualquer tipo de espetáculos, do cinema à ópera, da dança ao teatro, do jazz à performance.
O Grande Auditório tem capacidade para 1.429 lugares, e o Pequeno Auditório para 348, sendo a Sala de Ensaio o espaço que leva menos pessoas, com uma lotação para 72 lugares.
9 – Torre do Grande Auditório
A Torre do Grande Auditório foi desenhada de raiz para albergar toda a caixa de Palco, contendo um sofisticado sistema de 35 varas e 21 varas contrabalançadas, o que permite a exibição de elementos cénicos para todo o tipo de espetáculos, incluindo para concertos de ópera.
10 – Centro de Exposições
Deixámos o Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém para último porque, afinal, é por isso que ele é mais conhecido atualmente.
Composto por várias áreas de exposição, distribuídas por quatro galerias, no CCB vais poder ver de quase tudo, desde mostras de artes plásticas, arquitetura, design, instalações ou fotografia.
Possui ainda algumas lojas e uma cafetaria, integrando ainda uma área reservada ao tratamento e armazenamento de peças de arte.
O Centro de Exposições do CCB alberga, desde junho de 2007, a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Museu Coleção Berardo, com uma área de 9.000m2, onde é possível admirar uma coleção permanente, além de outras exibições temporárias.
A novidade, a partir de 2023, é que esta fundação vai deixar de fazer a programação artística, que agora passa diretamente para o “novo” Museu de Arte Contemporânea Centro Cultural de Belém, MAC-CCB.