
Existem monumentos incríveis; e depois há outros fantásticos como o Castelo de Almourol. Localizado a cerca de 1h30 de carro de Lisboa, foi erguido numa pequena, mas vistosa ilha, em pleno rio Tejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha, no distrito de Santarém.
Lugar de lendas e conflitos, este monumento é uma das principais atrações medievais de Portugal. Ao mesmo tempo, é também um testemunho direto da presença da mítica Ordem dos Templários. Embarcamos agora numa viagem ao passado até um dos castelos mais bonitos do território nacional.
Índice
História do Castelo de Almourol
Quem se lembrou de construir um castelo no Tejo? Qual a sua relação com os Cavaleiros Templários? É verdade que este lugar foi residência oficial, no Estado Novo? Estas e outras questões vão ser respondidas ao longo do artigo, numa jornada pela época medieval (e não só).
Antes da Reconquista Cristã
Este lugar foi reconquistado aos mouros, ou sarracenos — como ficaram conhecidos os muçulmanos na Idade Média —, no séc. XII. No entanto, as suas origens são anteriores a esse período. Porém, os historiadores não são unânimes quanto à procedência de Almourol.
Alguns autores defenderam a possibilidade de ter estado aqui instalado um castro pré-histórico, que terá sido ocupado por Lusitanos ou Pré-Romanos. Além disso, e numa fase posterior, a identificação de vestígios Romanos no local levam a crer que estes também passaram por aqui.
Seja como for, o certo é que à data da Reconquista Cristã, o sítio denominava-se Almorolan e era ocupado por mouros.
Bastião dos Templários
A pequena ilha, ou ilhéu — como lhe queiram chamar — tem potencial para a rodagem de uma série ou filme, bem ao estilo de Game of Thrones ou Knightfall (produção da Netflix que conta a queda dos guerreiros Templários). Mais ainda, por ter sido um bastião da mítica Ordem templária.
Em plena época da Reconquista Cristã, esta zona foi entregue aos famosos templários que levaram a cabo a reedificação da fortaleza.
Neste contexto, não é de estranhar que a construção tenha adquirido várias caraterísticas típicas da arquitetura da Ordem dos Templários, tais como a planta quadrangular e a torre de menagem. Acredita-se que as obras tenham chegado ao fim em 1171.
Neste período da História, os aguerridos monges tinham a árdua tarefa de defender a capital do reino, então Coimbra. Assim sendo, esta zona era muito importante para assegurar o êxito da Reconquista Cristã.
Contudo, com a polémica extinção da Ordem dos Templários, no séc. XIV, o Castelo de Almourol passou para a posse da Ordem de Cristo, caindo mais tarde nas brumas do esquecimento.
Ordem dos Templários
A Ordem dos corajosos e temidos monges-guerreiros foi criada em 1118, com o propósito inicial de proteger os peregrinos europeus de eventuais ataques, a caminho de Jerusalém. Esta foi a primeira ordem militar da História e desempenhou um papel fundamental na Reconquista Cristã.
Os Templários eram prósperos e respeitados por toda a Europa. Entraram em Portugal para ajudar D. Afonso Henriques e até hoje há vestígios da sua presença no território nacional. Seja nas Aldeias Históricas, ou em Tomar — onde a importância do Convento e Castelo Templário, culminou na sua classificação como Património Mundial da UNESCO —, há marcas suas um pouco por toda a parte.
Do ‘abandono’ ao Romantismo
Com o passar do tempo, o imponente Castelo de Almourol foi dotado ao abandono e esquecimento. Esta situação foi agravada pela ocorrência do sismo de 1755, que danificou parte da sua estrutura.
Contudo, no séc. XIX, o movimento do Romantismo veio ‘resgatar’ o castelo. Numa senda pela revalorização do período medieval, a fortificação foi alvo de obras e alguns traços robustos do passado militar foram suavizados. Em 1910, o castelo foi classificado como Monumento Nacional.
Residência oficial
No séc. XX, e longe dos conflitos ancestrais contra os sarracenos, o Castelo de Almourol foi adaptado a residência oficial, tendo acolhido alguns eventos importantes do Estado Novo. Este facto representou o culminar de uma intervenção efetuada entre os anos 40 e 50.
Lendas
Além do mistério que envolve os próprios Cavaleiros Templários, preencher o nosso imaginário, há várias lendas associadas à pequena ilha de Almourol. São ecos de (des)amores que ‘sobreviveram’ ao passar do tempo, conferindo uma aura ainda mais mística a este sítio.
Amor e traição
Segundo uma dessas lendas, foi uma história de amor e traição, digna de um roteiro cinematográfico, que levou à queda dos mouros.
Conta-se que a filha de um emir sarraceno apaixonou-se por um cavaleiro cristão, a quem contou os segredos de entrada no castelo. Traindo a confiança depositada pela sua amada, o cavaleiro usou a informação para efetuar uma emboscada.
No final, o emir e a sua filha preferiram morrer a deixar o seu fado às mãos inimigas, lançando-se das muralhas.
Ontem como hoje, o Castelo de Almourol continua a surpreender os visitantes. De tal modo que, antes da hora da ‘despedida’, os ecos da sua beleza e mistério alimentam a vontade de querer voltar!
Onde: Ilhota do Rio Tejo Praia do Ribatejo – Vila Nova da Barquinha
Mais informações: aqui
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