Foi na nossa viagem a Cacilhas que ficámos a conhecer melhor a Casa da Cerca em Almada, que se caracteriza por ser um Centro de Arte Contemporânea empenhado na divulgação e promoção deste tipo de trabalhos artísticos.
Com início de atividade em 1993, a Casa da Cerca acolhe um enorme projeto cultural que tem como objetivo principal divulgar as Artes Plásticas, nomeadamente o Desenho, através da realização de um calendário regular de exposições, assim como várias atividades ligadas a esta disciplina.
Esta é, sem dúvida, o centro de cultura de Almada, sendo neste local que mais eventos deste tipo ocorrem, sejam eles nacionais ou internacionais.
No mesmo espaço vais ainda encontrar um Serviço Educativo, um Centro de Documentação e Investigação, um Jardim Botânico, e muitas outras surpresas que te contaremos nas próximas linhas.
A história do edifício
Para que te possas enquadrar melhor do que é este espaço, vamos começar pelo edifício, que é muito bonito e que se apresenta como uma casa senhorial de uma quinta de recreio, também conhecido por “Palácio” ou “Quinta da Cerca”.
A Casa da Cerca foi construída entre os finais do século XVII e inícios do século XVIII, na zona antiga de Almada, localizada numa área privilegiada com uma vista incrível a 180º para a cidade de Lisboa e para o rio Tejo.
O edifício em si, é composto por partes de diferentes épocas, sendo que o piso térreo, o mais antigo e onde se situa a magnífica esplanada, fica virado a Norte e mesmo de frente para a capital.
É por aqui que vais encontrar vestígios de uma porta quinhentista, que atualmente está tapada, e é também nesta zona que está a antiga capela, que possui painéis de azulejos da pertença do Mestre PMP, conhecido azulejista do século XVIII.
A Casa da Cerca sempre foi habitada por famílias e personagens conhecidas até 1957, sendo que em 1974 seria ocupada, provisoriamente, pelo Hospital de Almada.
Em 1988, passava definitivamente para as mãos da Câmara Municipal de Almada, numa altura em que o estado era ruinoso.
Entre os anos de 1992 e 1993, todo o edifício e parte das zonas exteriores foram alvo de obras de reabilitação, tendo em 1996 sido classificado como Imóvel de Interesse Público.
O que visitar na Casa da Cerca
Praticamente todos os espaços da Casa da Cerca são visitáveis desde 1993, altura em que ganhou o estatuto de Centro de Arte Contemporânea, um projeto iniciado pelo pintor e artista Rogério Ribeiro.
Este centro oferece, por isso, algumas áreas com exibições artísticas e, claro, uma boa variedade de programas educativos, onde se incluem os workshops, as palestras e outras atividades para crianças.
No dia em que lá fomos, havia uma série de atividades ligadas ao jardim botânico, que fica ali perto, e sobre o qual já te vamos contar mais.
Pelo jardim e pela esplanada (aquela que tem uma vista fantástica sobre a cidade de Lisboa) vão passando outros eventos culturais e musicais, sendo que muitas vezes este espaço também é utilizado apenas para fins de lazer… e que bem que se dorme nesta “relvinha”.
A Casa da Cerca possui ainda uma biblioteca especializada em arte contemporânea, aberta ao público e com uma grande variedade de livros, revistas e catálogos de exposições.
Já falámos da esplanada, que é apoiada por um pequeno bar? Foi, sem dúvida, a nossa primeira nota de espanto assim que entrámos neste espaço cheio de cultura.
Bem, deixamos algumas fotografias, que exemplificam melhor o que poderíamos explicar por palavras.
O jardim da Casa da Cerca
Um dos lugares mais incríveis da Casa da Cerca, a par da esplanada, é o seu jardim botânico, que está repleto de curiosidades.
Apelidado de O Chão das Artes, este jardim, que já tem mais de 20 anos, surgiu como necessidade de ocupar, de uma forma homogénea, o espaço à volta da Casa da Cerca.
Com pouco mais de algumas árvores de fruto, cedo se percebeu que a vista sobre o vale do Tejo lhe daria um destaque acrescido.
Em 1997 recebe um dragoeiro centenário e é partir desta data que o seu futuro começa a ser traçado, pensando-se que este local poderia ter um conceito especial, que unisse duas vertentes na sua construção e posterior utilização, a científica e a artística.
O Chão das Artes possui à volta de 5.000 m2 e abriu ao público só em 2001, depois de quase quatro anos em trabalhos de desenvolvimento.
Desde esta data, ambos, Casa da Cerca e Jardim Botânico, têm colaborado para que as áreas da Arte e da Ciência se pudesse promover ao máximo nesta zona da Grande Lisboa.
Prova disso mesmo é que, em 2021, este jardim já detém uma coleção de mais de duas centenas de espécies de plantas, que vão sendo estudadas e exploradas tendo em conta os materiais que as mesmas podem oferecer.
O Chão das Artes está dividido em várias zonas estruturantes: Estufa, Jardim dos Pigmentos, Pomar das Gomas, Jardim dos Pintores, Charca, Jardim dos Óleos, Jardim das Fibras e Mata, cada um com a sua beleza e conhecimento associados.
Como sempre, serão sempre poucas as palavras para descrever a experiência que habitualmente passamos nestes sítios, seja na cidade de Lisboa como nos seus arredores, como é o caso destes dois lugares, que ficarão para sempre nas nossas memórias.
Por isso, passa a Ponte 25 de Abril e ruma até Almada. Temos a certeza que também vais adorar!
Morada: Rua da Cerca (Almada)
Horário: de terça-feira a domingo, das 10h às 18h; encerra nos feriados