Nalguns casos, Lisboa nem parece a mesma, de tão diferente, embonecada e cosmopolita. Noutros continua genuína e tradicional, como se o tempo não tivesse passado por ela. Mas o que é que mudou realmente?
Fomos à procura da resposta e saímos à rua de máquina fotográfica em punho com um objetivo em mente: comparar o antes e o depois, como se o passado e o presente ficassem congelados numa imagem.
Vem daí connosco numa viagem pelo tempo, com passagem pela Rua no Carmo, pela Rua Garrett e pelo Animatógrafo do Rossio.
Rua do Carmo
Tal como se pode ver na montagem fotográfica em cima, este é um dos casos em que tanta coisa mudou mas, ao mesmo tempo, a essência e o charme de sempre permaneceram.
As fachadas da Joalharia do Carmo (nº 87B) e da Luvaria Ulisses (nº 87A) continuam intocáveis no tempo, quase iguais, chamando a atenção de quem passa pela sua beleza.
Já para a Ulisses, fundada em 1925, os tempos também são outros. Se nos anos 20 do século passado, nenhuma senhora gostava de sair de casa sem o seu par de luvas, hoje são poucas que as usam. Mas ainda há clientes que continuam fiéis.
Igualmente diferente está a vida de rua. Onde antes circulavam carruagens puxadas a cavalos ou a burros e um ou outro automóvel, agora anda-se a pé (a rua tornou-se pedonável) e… de trotinete.
O vestuário, claro, também mudou radicalmente. Os fatos completos e os chapéus são agora uma raridade, com o calçado e a roupa descontraída a marcarem a moda atual.
Nesta espécie de “descubra as diferenças”, vale a pena reparar noutros detalhes, como o empedrado e a calçada portuguesa dos passeios que se mantêm. Mas também numa discreta (e simbólica) boca de incêndio que agora existe junto à Luvaria Ulisses.
O que ficou do passado na Rua do Carmo? Memórias, saudades, muito charme e algumas lições.
Foto antiga do início do século XX
Foto captada em 2019
Rua Garrett
Apesar do incêndio que, anos mais tarde viria a devastar o Chiado, esta rua emblemática de Lisboa não mudou assim tanto. Mas aquele 25 de Abril de 1974 é irrepetível!
Pela Rua Garrett passou uma multidão de gente e, claro, a chaimite das forças lideradas por Salgueiro Maia que seguiam em direção ao Quartel do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano.
50 anos depois, os Armazéns do Chiado estão diferentes, sobretudo no interior, e os veículos que sobem a rua nada têm a ver com os de 1974.
Agora, são os peões que mais ordenam por aquelas paragens, mas os turistas já parecem estar em maioria, tal como as lojas das grandes cadeias internacionais que ali se fixaram. Mudam-se os tempos…
Foto antiga de 1974
Foto captada em 2019
Animatógrafo do Rossio
Poucos locais em Lisboa mudaram tanto de vida como este. O que começou por ser o salão de cinema mais luxuoso de Lisboa, tornou-se depois numa sala de teatro infantil e hoje é… uma casa de peep shows.
Mas, se por dentro nada é como antes, na fachada muita coisa continua igual. Mais de um século depois, o nº 225-229 da Rua dos Sapateiros continua a não deixar ninguém indiferente.
Desde o ano da sua fundação, em 1907, que o Animatógrafo do Rossio chama a atenção pelos seus elementos de Arte Nova, pintados a verde, que emolduram os três vãos da fachada.
Mais discretos, mas igualmente bonitos são os painéis de azulejos dedicados ao tema da luz elétrica, com duas figuras femininas a segurarem candeeiros.
Desde 1994 que este edifício classificado como Conjunto de Interesse Público exibe peep shows, espetáculos de striptease e filmes pornográficos. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…
Foto captada em 1907
Foto captada em 2019
Como é bastante percetível através das montagens que realizámos, Lisboa mudou bastante nas últimas décadas.
Mas uma coisa é certa: continua linda e maravilhosa, com a sua luz a apaixonar cada vez mais os seus visitantes.
As atrações em Lisboa pelas quais somos completamente loucos