Elétricos e carros voadores, árvores a sair dos prédios, animais selvagens e até o autocarro 30 que vai das Picoas para a Picheleira. O passado e o futuro, a realidade e a ficção, o insólito e a critica social misturam-se em “Watchers”, o novo livro de Luís Louro que revela uma Lisboa futurista, mas vintage.
O álbum, apresentado recentemente no festival Amadora BD, conta a história de Sentinel, um jovem viciado em gadgets e redes sociais, que faz da plataforma online People Watching o centro da sua vida.
Imagem: ASA
Ao querer seguir as atividades criminosas da cidade, “o rei das visualizações”, como se autodenomina, deixa-se enredar num mundo de crimes, que envolve a polícia, cultos secretos e haters.
Sedento por likes e com publicações cada vez mais violentas, Sentinel acaba por envolver (e muitas vezes expor) todos os que estão à sua volta. Até que, ele próprio, torna-se vítima da fama efémera e do universo paralelo que criou.
E como acabará este jogo perigoso? Essa é uma das grandes surpresas de “Watchers”, já que o álbum editado pela ASA tem não um, mas dois finais.
Ou seja, foram publicadas versões diferentes – a “branca”, com um tom mais ligeiro, e a “vermelha”, mais trágica -, que convidam os leitores a escolherem um dos desfechos da história.
E, quem sabe, se gostares muito do primeiro livro que leres, talvez até queiras ler o segundo. Em qualquer dos casos, vais chegar ao fim e perceber que, afinal, a ficção pode não andar assim tão longe da realidade.
Imagem de capa: Edições ASA