Metemos conversa com algumas das vendedoras mais antigas e escolhemos três que têm muito para contar.
Ora vê o que nos disseram e, já agora, espreita o nosso vídeo sobre As Caras e as Cores do Mercado da Ribeira.
Rosa Cunha, 50 anos, peixeira
Há quantos anos no Mercado da Ribeira: 36 (desde os 14 anos)
Primeiras memórias no mercado: num dos primeiros dias de trabalho, ainda era eu uma menina, tive que amanhar vários sáveis, mas acabei por estragar todas as ovas, que são a preciosidade deste peixe. Acho que o cliente ficou com vontade de me apertar o pescoço.
O que gosta mais no mercado: o contacto com as pessoas e a liberdade do trabalho, além da relação de confiança entre o vendedor e o cliente.
O que gosta menos: o espaço devia estar mais atraente e mais limpo. A falta de estacionamento prejudica o negócio e obriga a fazer mais entregas ao domicílio, o que aumenta os custos.
Uma história curiosa: as antigas discussões e a porrada entre peixeiras por causa dos pregões, o que acabou por levar a câmara a proibir os pregões.
Ana Paula Silva, 58 anos, florista
Há quanto tempo no mercado: 33 anos (desde os 25)
Primeiras memórias: Desde criança que venho ao Mercado da Ribeiro e desses tempos recordo-me que isto era um mundo, cheio de gente e de movimento.
O que gosta mais: agora não gosto de muita coisa, mas talvez o convívio entre as pessoas e a liberdade de nos podermos movimentar ã vontade.
O que gosta menos: a falta de estacionamento, que acaba por deixar esta parte do mercado às moscas. Às vezes são mais os vendedores que os clientes.
Uma história curiosa: um dia, um cliente perguntou-me qual a minha flor favorita e, depois de eu dizer que eram os antúrios, pediu-me para fazer um arranjo. No final, as flores foram oferecidas… a mim.
Maria Isabel Aparício, 66 anos, vendedora de frutas e legumes
Há quanto tempo no mercado: 50 anos (desde os 16 anos)
Primeiras memórias do mercado: isto era um mundo, não é como agora, vendia-se como deve ser. E vinha para cá às duas da manhã!
O que gosta mais do mercado: o convívio com os clientes, sobretudo os mais antigos. Há alguns que vêm à minha banca há mais de 50 anos.
O que gosta menos: a falta de clientes, por causa do fim de estacionamento, que nos cortou as pernas. Mas ninguém faz nada por nós. NIN-GUÉM!
Uma história curiosa: há muitos anos atrás, um cliente virava-se para o meu marido e dizia que queria casar comigo. Ele dizia-lhe para me levar à vontade, mas agora que estou viúva já não quer, porque estou muito velha.