
Todos os dias abrem novos restaurantes em Lisboa, mas nem sempre é fácil encontrar algo verdadeiramente original que nos deixe surpreendidos e de boca aberta.
Muitas vezes, o segredo é espreitar, bater à porta, meter dois dedos de conversa (sim, somos muito cuscos) porque para lá de uma fachada discreta podem surgir autênticos tesouros.
É isso mesmo que acontece com este Tropismo, acabadinho de abrir na Rua Correia Teles (n.107A), em Campo de Ourique, quase na esquina com a Maria Pia.
A maior surpresa da casa está guardada, precisamente, ao fundo do espaço – um incrível jardim secreto –, mas basta passarmos pela porta de entrada para vermos que este não é um restaurante como os outros.
Isso percebe-se, desde logo, pelo slogan, “uma experiência francesa out-of-the-box”, mas também pelo conceito do Tropismo, que se apresenta como “um restaurante com ética, que ajuda uma economia mais local e procura respeitar o ambiente”.
“Os nossos legumes são biológicos, os peixes selvagens, todos os produtos são nacionais, incluindo a carne, de animais criados ao ar livre”, explica a gerente Luha Vieira, com um indisfarçável sotaque francês.
De França chegou também o chef Luca Fievez, um apaixonado por botânica, viagens e gastronomia que tem como lema “Podemos fazer qualquer coisa sem nada, mas nada sem ninguém”.
O resultado acaba por ser um cruzamento entre a cozinha tradicional gaulesa, a cozinha ética e diatética e os melhores produtos nacionais, numa carta relativamente curta, mas cheia de tentações.
A lista de entradas e petiscos é composta por meia dúzia de sugestões, como o Crème Brulée de cabra ao alecrim, os Croquetes de porca da cabeça aos pés ou a Salada francesa de alho francês e vinagrete.
Entre os pratos principais destacam-se Chucrute do Mar (couve fermentada à casa com camarão, peixe, marisco e beurre blanc) , o Empadão confit de pato caseiro e as Bochechas de porco, apenas para dar alguns exemplos.
Por fim, não deixes de guardar um cantinho no estômago para uma destas tentadoras sobremesas: Profiteroles (chou caseiro com sorvete de nata), Tarte de maçã (massa folhada caseira e pasta de amêndoa e maça orgânica) ou Merengue de limão (arreia bretão, sabayon de limão, sorvete de limão). Aos fins de semana, também há um menu especial de almoço.
Tudo isto num espaço de “arte total”, entre o étnico e o (quase) psicadélico, assinada por um artista que esteve três meses em residência no local (antes de abrir).
E isso nota-se por todo o lado, seja na sala de refeições principal, decorada com várias peças de arte, mas também no bar, nas casas de banhos e, claro, no incrível jardim, que é o espaço mais surpreendente deste Tropismo.
Aqui, os muros pintados de azul intenso e temas da Natureza contrastam com o verde das plantas e da videira (uma latada com uvas e tudo) que dão sombra e uma atmosfera especial ao espaço.
Não falta sequer uma fonte ao centro, para criar uma espécie de Éden secreto em pleno bairro de Campo de Ourique.
Afinal, não é por acaso que o restaurante foi batizado com o nome Tropismo, palavra que representa o fenómeno natural de um organismo vivo em crescer na direção do que mais precisa. Assim acontece, por exemplo, com as folhas das plantas que crescem viradas para o Sol, ou com as raízes, que procuram a água e os melhores nutrientes.
Uma coisa é certa, neste restaurante tudo parece estar em harmonia: as plantas, a decoração, a gastronomia e os clientes, que aqui encontram um recanto relaxante, gourmet e com boa onda.
Foto de capa: Nelson Jerónimo Rodrigues