Para nós, fãs assumidos da toponímia, é curioso encontrar as mesmas ruas e praças nos dois centros urbanos, Lisboa e Porto.
Vamos traçar um paralelismo entre esses espaços e descobrir o que os junta e o que os separa.
1 – Campo dos Mártires da Pátria
Em Lisboa, o Campo dos Mártires da Pátria é ainda apelidado por grande parte da população de Campo de Santana e serve de união a dois vales importantes da cidade, entre a Avenida da Liberdade e a Almirante Reis.
Já foi praça de touros, já recebeu a Feira da Ladra e é dominado pelo edifício da antiga Escola Médico-Cirúrgica, servindo também de casa à Embaixada da Alemanha.
O seu nome atual foi oficializado em 1880 e serve de homenagem ao “General Gomes Freire de Andrade e seus companheiros, conjurados que tentaram derrubar o governo do Marechal Beresford, tendo sido enforcados neste local em 1817″.
No Porto, a zona que é vulgarmente apelidada de Cordoaria é, na verdade, a área que corresponde ao Campo dos Mártires da Pátria na Invicta.
Anteriormente chamou-se Largo do Olival e o nome foi alterado de forma a recordar os doze “Mártires da Liberdade”, enforcados em 1829 por ordem dos tribunais miguelistas.
Acolhe o Tribunal da Relação do Porto e o Centro Português de Fotografia (antiga Cadeia da Relação) e o seu nome foi instituído em 1835. É também espaço contíguo à Torre dos Clérigos.
2 – Rua das Flores
Em Lisboa, é eixo de ligação entre o Largo Camões e a zona do Cais do Sodré. A lisboeta Rua das Flores já existia antes do Terramoto de 1755.
O seu maior segredo será talvez o facto de ter sido o arruamento destacado por Eça de Queirós no livro “A Tragédia da Rua das Flores”.
No Porto, é uma das artérias mais pitoresca da invicta. A Rua das Flores permite ir da Estação de São Bento ao Largo de São Domingos.
Foi renovada em 2014 e tornou-se pedonal. A partir daí passou também a ser uma das mais trendy da cidade com hotéis, restaurantes, bares e lojas de muitos tipos. As suas origens remontam ao século XVI, com o nome “Rua de Santa Catarina das Flores”.
3 – Rua (de) Passos Manuel
Em Lisboa, é Rua Passos Manuel e é uma das artérias que vai dar ao Jardim Constantino, na Estefânia.
O edital municipal que a consagrou foi publicado em 1884 e pretendia homenagear o principal obreiro da Revolução de Setembro, que foi também ministro entre 1836 e 1842. As inúmeras árvores que a povoam fazem desta uma das ruas mais bonitas da zona.
No Porto, é Rua de Passos Manuel e é mais conhecida por ser a rua do Coliseu do Porto, uma das mais emblemáticas da Baixa portuense.
O seu nome foi oficializado em 1877 e celebra, portanto, o mesmo político que a artéria lisboeta.
4 – Rua Mouzinho da Silveira
Em Lisboa, a Rua Mouzinho da Silveira faz ligação entre a Barata Salgueiro e a Brancaamp, na zona da Avenida da Liberdade, bem perto do Marquês.
Data de 1882 e recorda José Xavier Mouzinho da Silveira, fundador do Supremo Tribunal de Justiça.
No Porto, paralela à Rua das Flores, a Rua Mouzinho da Silveira faz o mesmo percurso – de São Bento até à zona da Ribeira.
Celebra José Xavier Mouzinho da Silveira, um dos mais importantes políticos do Porto durante a revolta liberal de 1820. A rua foi inaugurado em 1875. Tal como a Rua das Flores, é cheia de vida e movimento.