O Panteão Nacional é um dos símbolos de Lisboa, mas também de Portugal. Afinal, esta é a morada final de grandes vultos da nossa História, como Amália Rodrigues e Eusébio. Contudo, as particularidades deste lugar estão longe de se resumir aos percursos daqueles que nele repousam.
A construção deste edifício iniciou-se no séc. XVII e só ficou concluída na segunda metade do séc. XX. Neste artigo, vamos contar-te como tudo começou e ainda uma lenda que ficou para sempre ligada a este sítio.
A história do Panteão Nacional
Hoje em dia, estamos habituados a ver o Panteão Nacional, ou Igreja de Santa Engrácia, nos cartões-postais da capital. Mas nem sempre foi assim. De facto, este é mesmo um caso muito peculiar ao nível de construção.
Como tudo começou?
A história primitiva deste sítio está ligada à infanta D. Maria, filha do rei Manuel I. A princesa era uma das mulheres mais proeminentes e cultas da sua época, mas era também muito religiosa.
Por isso mesmo, mandou fundar, em 1568, a Igreja de Santa Engrácia para receber o relicário da santa mártir de origem lusitana, morta em Saragoça. Desse templo, hoje nada resta.
Desde a primeira pedra do atual edifício
Após uma tragédia que fez ruir o templo primitivo, foi necessária a sua reconstrução. Então, foi escolhido o projeto do arquiteto João Antunes, com uma ideia ‘estranha’ à época em Portugal.
O programa assentava numa planta centralizada, em cruz grega, onde os quatro braços de igual dimensão eram unidos exteriormente por paredes ondulantes, marcadas nos ângulos por torreões”, lê-se no site do Panteão Nacional.
Apesar de a primeira pedra ter sido lançada em 1682, à data da morte de João Antunes, em 1712, a construção estava longe de estar concluída.
Outros usos dados ao templo
Com a extinção das ordens religiosas no séc. XIX, o templo de Santa Engrácia foi entregue ao Exército. Depois disso, o edifício serviu de quartel do 2.º batalhão da Guarda Nacional de Lisboa, fábrica de armamento e ainda de oficina para produção de calçado.
Não obstante estes usos diversos, a ideia de concluir a obra não se perdeu. Porém, tal só viria a acontecer já na segunda metade do séc. XX. Mas, antes disso, em 1916, foi decidida a adaptação do edifício para o Panteão Nacional. Contudo, até à década de 30, continuou a sua ocupação militar.
Conclusão e inauguração em 1966
A partir dos anos 50 do séc. XX, o Estado Novo avançou com os procedimentos para concluir as obras do edifício de Santa Engrácia.
A inauguração deu-se em dezembro de 1966, no mesmo ano da Ponte 25 de Abril, outro símbolo da cidade de Lisboa.
A expressão e a lenda
A origem do dito popular
Depois desta dose de história, já consegues perceber de onde vem a expressão “Obras de Santa Engrácia”? Pois é, este dito popular está associado, precisamente, à construção da Igreja de Santa Engrácia.
A edificação levou tanto tempo que, hoje em dia, quando queremos referir algo que nunca mais acaba, dizemos: “Parecem as obras de Santa Engrácia.”
A “lenda da maldição”
Há uma outra história ligada à Igreja de Santa Engrácia; uma espécie de ‘lenda’ usada para justificar as vicissitudes associadas à construção do templo. Conta-se que, em 1630, alguém roubou o relicário de Santa Engrácia.
Na altura, Simão Pires Solis foi acusado e condenado à morte na fogueira. Antes de morrer, consta que amaldiçoou as obras, pelo que estas terão ficado condenadas a arrastarem-se no tempo.
Mais tarde, o verdadeiro ladrão foi encontrado. Mas, qual o motivo para Simão Solis não ter dito nada em sua defesa? Supostamente estava apaixonado por Violante, uma jovem freira.
Quem tem honras de Panteão Nacional?
O Panteão Nacional foi criado com o propósito de homenagear as mais ilustres personalidades portuguesas. Escritores, artistas e antigos presidentes da República são alguns dos que constam na sua lista de honras.
Personalidades sepultadas no Panteão Nacional
- Amália Rodrigues, fadista
- Eusébio, jogador de futebol
- Sophia de Mello Breyner, escritora
- Humberto Delgado, militar e político
- João de Deus, poeta
- Guerra Junqueiro, escritor
- Aquilino Ribeiro, escritor
- Almeida Garrett, escritor
- Óscar Carmona, Presidente da República
- Sidónio Pais, Presidente da República
- Teófilo Braga, Presidente da República
- Manuel de Arriaga, Presidente da República
Personalidades homenageadas
- Luís de Camões, poeta
- Pedro Álvares Cabral, navegador
- Infante D. Henrique
- Vasco da Gama, navegador
- Afonso de Albuquerque, antigo governador da, então denominada, Índia Portuguesa
- D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável
- Aristides de Sousa Mendes, diplomata
Morada: Campo de Santa Clara
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