Quantas vezes foste às Docas ou à LX Factory e, no caminho, ficaste deslumbrado com o grande mural de Vhils na antiga Fábrica da SIDUL, em Alcântara? Pois bem, aquele rosto de um homem envelhecido, cravado numa parede branca, já não existe.
O antigo edifício da Avenida da Índia há muito que tinha fim anunciado, mas desta vez a demolição tornou-se irreversível. Naquele lugar vão surgir dois novos prédios, cada um com oito andares, destinados a habitação e escritórios. E depois deles, outros serão construídos, uma vez que já está aprovado para a zona um grande complexo com um investimento superior a 100 milhões de euros.
Alexandre Farto, também conhecido por Vhils, foi dos primeiros a reagir à demolição. No instagram colocou várias fotos, todas com a mesma legenda: “Nada Dura Para Sempre”. E a acompanhar, nove hashtags: #vhils #defacing #destroy #lisbonchanging #erasing #scratching #destroy #creation #theonlywaytobuff
O mural, criado em 2014, fez parte da exposição “Dissecção”, organizada pelo Museu da Eletricidade, e queria “chamar a atenção para a memória coletiva das cidades e as histórias dos seus habitantes”.
Em declarações na altura ao jornal Público, o artista falava em “desenvolvimento acelerado e imparável, associado à necessidade de crescimento”, alertando que “ao mesmo tempo, perdem-se, pelo caminho, muitas coisas”. Irónico, não é?
Foto de capa: @vhlis