Na verdade, a Rua Verde em Lisboa chama-se Rua da Silva. Fica num bairro centenário de Lisboa, ali perto de Santos, entre o Conde Barão e São Bento.
É uma das ruas mais estreitas da cidade, disso não há dúvidas, e ainda me lembro quando era uma distinta incógnita, uma rua igual às outras, por onde todos os dias passam pessoas para ir trabalhar ou, junto ao passeio, se passava o tempo com dois dedos de conversa entre vizinhos. Era uma rua, uma simples rua de Lisboa.
O que mudou na Rua Verde em Lisboa?
Tudo! Ou quase tudo. E os “culpados” são os célebres habitantes desta rua, Armando, Tânia e João. Primeiro que tudo vamos conhecê-los!
Armando Sousa é natural do Algarve, mas desde os quatro anos que está a viver nos Estados Unidos, onde permaneceu quase toda a sua vida.
Há mais de 13 anos resolveu regressar a Portugal, desta vez à capital do país. A Rua da Silva seria o sítio escolhido para habitar, num primeiro andar.
Tânia Gil veio um pouco depois, de Porto Covo, no Alentejo. O seu sonho era lançar a sua própria linha de jóias e abrir um ateliê, o que acabou por acontecer mesmo por baixo do primeiro andar do Sr. Armando.
Passaram-se muitos anos sem sequer se cruzarem, até que um dia o senhor das plantas – como agora é reconhecido – acabou por regar, acidentalmente, a cabeça da jovem artista.
A partir daqui desenvolveu-se uma amizade e um interesse em comum: o gosto pelas plantas e pela natureza.
A abertura do primeiro negócio
A eles, mais tarde, juntava-se João Dias, recém chegado da China e com o propósito de abrir um negócio, mais precisamente um restaurante, mesma na porta ao lado de Armando e Tânia.
A precisar de decorar o seu novo espaço de restauração, apercebe-se que a beleza florestal do prédio ao lado seria uma boa opção e é então que decide aderir ao “movimento” de tornar esta a rua mais verde da cidade, que na altura ainda não o era.
A verdade é que à medida que se iam adicionando vasos de flores e plantas às suas decorações, todos os vizinhos foram adaptando esta forma de embelezar as suas entradas.
Só deram conta deste fenómeno assim que viram muitas pessoas, principalmente turistas, a fotografar e a partilhar esta rua nas redes sociais, que hoje até já tem um perfil dedicado no Instagram.
Green Street Lisbon
Só lhe faltava dar um nome que fosse compreendido por todos e, uma vez que já existia a Pink Street (Rua Cor de Rosa), nasceu o nome Green Street Lisbon.
Hoje em dia, a vontade de todos os moradores, e de todos os donos de negócios que entretanto abriram nesta rua com pouco mais de 50 metros de extensão, é torná-la cada vez mais sustentável.
Para isso, promovem várias ações de incentivo ao comércio tradicional e, claro, a adoção de hábitos mais amigos do ambiente, como evitar o consumo de plásticos, por exemplo.
Um espírito verdadeiramente comunitário
Desde sempre que conhecemos esta rua, a Rua da Silva, mas há algum tempo que não lá íamos, que não víamos com os nossos próprios olhos o que ali estava a crescer.
E foi com bastante satisfação que vimos os seus negócios prosperar (quase todas as esplanadas tinham pessoas), além de percebermos que existe ali, naquela pequena rua, um verdadeiro espírito de comunidade entre todos os moradores, entre todos os vizinhos, que agora se conhecem, como se uma família inteira habitasse numa só rua.