Pof, pof, pof! Vrum, vrum, vrum! As trotinetes começaram a aparecer em Lisboa como cogumelos e rapidamente conquistaram a cidade. De um momento para o outro, os lisboetas começaram a utilizá-las para tudo e mais alguma coisa.
Há quem vá de trotinete para o trabalho ou para a escola, quem as use para dar um passeio e, já vimos nós com os próprios olhos, até para passear o cão ou trazer as compras do supermercado.
Mas o que é que as torna tão especiais e viciantes? Porque é que passaram a ser os brinquedos favoritos de locais e turistas? Nós fomos para a rua à procura da resposta e acabámos como eles: agarrámo-nos a uma VOI e nunca mais a largámos.
E porquê a VOI? Bom, para dizer a verdade, quem nos convenceu foi um grupo de… unicórnios. Como assim? Calma, nós explicamos.
Estamos a falar das promotoras que a marca sueca de smart mobility espalhou pela cidade, para explicarem o funcionamento das trotinetes e incentivarem o seu uso civilizado.
A Unicorn crew – nome inspirado no unicórnio que serve de símbolo à VOI – desafiou-nos a dar um passeio por Lisboa, para descobrirmos porque razão a marca já tem mais de 120 mil utilizadores em várias cidades da Europa.
Colocou apenas três condições: andarmos sempre por ciclovias ou estradas (o máximo à direita da via), usarmos capacetes e estacionarmos num dos vários locais que a Câmara Municipal já criou para este tipo de veículos.
Talvez por uma questão de mentalidade nórdica, a VOI faz questão de sublinhar a constante preocupação com a segurança e o diálogo com as autoridades locais.
“Queremos trabalhar lado a lado com os decisores para melhorar a rede de transporte local em todas as cidades. Ouvimos e adaptamo-nos sempre que necessário, algo que provém da nossa abordagem escandinava ao mundo dos negócios e que está incorporado no nosso ADN”, diz Frederico Venâncio, general manager da VOI para Portugal e Espanha.
Já entre os investidores, também há alguns nomes famosos, como Jeff Wilkes, da Amazon, e Justin Mateen, cofundador da Tinder, que encontraram na VOI o match perfeito entre negócios, mobilidade e ecologia.
Da Praça do Comércio a Belém: sempre a voi…ar!
Depois de instalarmos a app da VOI, bastou-nos ir ao mapa para localizarmos a trotinete mais próxima de nós e, já com ela ao lado, clicámos no botão iniciar para podermos fazer o scan do QR Code. A partir deste momento, é cobrado um custo de desbloqueio de 1€ e uma viagem custa 0,15€ por minuto.
Pouco depois, aí estávamos nós a andar às voltas na Praça do Comércio, com se fossemos uns putos com o seu brinquedo novo. E não nos esquecemos do capacete.
Daí, seguimos pela Ribeira das Naus até ao Cais do Sodré, para fazermos uma das mais bonitas ciclovias da cidade, que liga esta zona a Belém.
São quase oito quilómetros junto ao rio, que só se podem percorrer de bicicleta, a pé e, claro, de trotinete. Carro, aqui não entra.
O piso é quase sempre de alcatrão lisinho, mas também tem uma outra zona de empedrado, como acontece junto ao Cais Gás, que dificulta ligeiramente a condução, mas até a torna mais divertida. Sabias que é para aqui que se vão mudar os bares mais famosos da Rua Cor de Rosa?
Tal como acontece com as outras marcas de trotinetes, apenas os maiores de 18 anos podem utilizar as VOI, embora seja bastante fácil conduzi-las. É só acelerar (num manípulo junto às mãos) e travar (noutro manípulo, ou com os pés, na roda traseira). Ok, e também convém fazer as curvas.
Continuando à beira-Tejo, passámos pela zona do Urban Beach e pela Rocha Conde de Õbidos antes de chegarmos à Doca de Alcântara Norte, onde há um enorme espaço livre, perfeito para fazermos uns ziguezagues, tentarmos umas manobras mais radicais a acelerarmos à vontade. Os unicórnios garantiram-nos que a trotinete não ultrapassava os 22 km/hora mas, neste local, conseguimos atingir a estonteante velocidade de… 23 km/hora.
Já na Doca de Santo Amaro, aproveitámos para beber um copo e esticar as pernas. Nestes casos, sai mais barato bloquear a VOI e desbloqueá-la depois, mas também podíamos apanhar outra porque trotinetes era coisa que não faltava por lá.
Depois da zona dos bares e restaurantes, passámos por baixo da Ponte 25 de Abril e fomos parando de vez em quando, ora para tirar fotos, ora para ler as frases de Alberto Caeiro que estão desenhadas no alcatrão.
Outra paragem obrigatória é junto ao MAAT, quanto mais não seja para admirar aquele incrível edifício. Aqui, as trotinetes não podem subir ao miradouro, por isso voltámos a bloquear a nossa e, cinco minutos depois, lá estávamos nós de volta à ciclovia.
Aqui está um exemplo da Lisboa do futuro. Edifícios modernistas, áreas verdes e de lazer junto ao Tejo e trotinetes em vez de carros. O ambiente agradece.
Depois da Doca de Belém, circundámos a marina, passando junto às bombas de combustível, mas não precisámos de abastecer porque a trotinete é 100% elétrica e a bateria ainda tinha muita carga.
E como é que elas são carregadas?, perguntas tu e com razão. Todas as noites há um grupo de hunters que vai recolher as trotinetes.
Outra coisa que muita gente não sabe é que qualquer pessoa pode ser um hunter e ganhar dinheiro com isso. Basta recolher uma trotinete, carregá-la em casa e, dia seguinte, entregá-la num local previamente indicado. Quantas mais recolheres e carregares, mais ganhas ao final da semana (descobre como aqui).
Por fim, chegámos ao nosso destino, a Torre de Belém, onde era suposto deixamos a VOI num dos locais oficiais de estacionamento.
Bom… até o fizemos. Mas voltámos logo para trás, agarrámo-nos a ela outra vez e regressámos ao ponto de partida (a Praça do Comércio). E sim, agora já percebemos porque é que as trotinetes têm tantos fãs em Lisboa.
Foto de capa: Ringo Giacobelis