Do fado ao pop, a nossa cidade já foi musa inspiradora de vários artistas, para as suas canções de Lisboa.
São várias as músicas que falam da cidade e que a evocam, ora bela, ora melancólica. E não é só o fado que o faz, também a nova geração da música nacional não esquece a capital na hora de cantar.
Selecionámos várias canções de Lisboa que falam sobre a cidade e que achamos que todos os lisboetas deviam conhecer.
Representam vários géneros e, por isso, há música para todos os gostos!
A ordem é cronológica, para espelhar também a evolução sofrida pela música nacional nas últimas décadas. Preparados? “Um, dois, som!”
Playlist das canções que cantam Lisboa:
“Lá Vai Lisboa” | Beatriz Costa (1935)
Com letra de Norberto de Araújo e música de Raul Ferrão, “Lá Vai Lisboa” foi a primeira Grande Marcha de Lisboa.
A primeira artista que a cantou foi Beatriz Costa, em 1935, e permanece um tema ainda atual, que todos sabem trautear e que se ouve em uníssono na Avenida da Liberdade durante as Marchas de Lisboa.
“Lisboa Antiga” | Amália Rodrigues (1957)
Para muitos, Amália e Lisboa são sinónimos. A verdade é que a fadista cantou melhor do que ninguém os bairros e as vielas da Mouraria e a calçada e os becos de Alfama.
O fado “Lisboa Antiga”, composto por Raul Portela com letra de José Galhardo e Amadeu do Vale, data de 1937 e foi cantado por várias vozes, de Hermínia Silva a Roberto Leal.
Nós escolhemos ouvi-lo na inimitável voz de Amália, que o deixou registado em disco pela primeira vez em 1957, em Amália à l’Olympia.
“Cheira Bem, Cheira a Lisboa”| Anita Guerreiro (1969)
Fadista há mais de 60 anos, Anita Guerreiro imortalizou outro dos êxitos musicais que retratam a capital. É uma marcha e é “Cheira Bem, Cheira a Lisboa”, tema que parece fazer parte da nossa memória coletiva.
A história da sua criação é engraçada: o maestro Carlos Dias tinha a música pronta mas não havia letra. César Oliveira, ao atravessar a Rua das Portas de Santo Antão, ouviu um rapaz dizer essa exata expressão — “Cheira bem, cheira a Lisboa” — e daí veio a inspiração para o resto da música. Anita Guerreiro interpretou-a e nós, portugueses, nunca mais a esquecemos.
“Lisboa Menina e Moça” | Carlos do Carmo (1976)
Se fores lisboeta, esta música vai sempre deixar-te meio emocionado, meio orgulhoso. “Lisboa Menina e Moça” é, desde a morte da Carlos do Carmo, a música oficial da cidade, uma homenagem mais do que merecida a esta grande artista do fado.
Com poema de Ary dos Santos, Fernando Tordo e Joaquim Pessoa e música de Paulo de Carvalho, é uma composição de beleza excepcional que personifica a cidade de forma incomparável. É, sem dúvida, um dos maiores êxitos da música portuguesa e, em particular, do grande fadista Carlos do Carmo.
No dia em que Carlos do Carmo recebeu o Grammy “Lifetime Achievement Award”, a Rádio Comercial fez-lhe uma homenagem muito especial e convidou 35 artistas para cantarem a música. Cada um ficou responsável por uma frase, tendo participado músicos de todos os géneros e gerações: Rui Reininho, Carlão, Luísa Sobral ou Raquel Tavares são alguns exemplos. Vê aqui o vídeo.
“Lisboa Que Amanhece” | Sérgio Godinho (1986)
Embora seja mais conhecida pela versão com Caetano Veloso, do álbum Irmão do Meio de 2013, “Lisboa Que Amanhece” foi originalmente gravada em 1986, para o disco Na Vida Real.
É uma homenagem dos tempos modernos à capital, em que esta é descrita de forma sublime como cenário de paixões românticas e de vida boémia.
“Loucos de Lisboa” | Ala dos Namorados (1994)
O homónimo álbum de estreia da Ala dos Namorados, editado em 1994, trouxe “Loucos de Lisboa”, com letra de João Monge e música de João Gil.
A voz de Nuno Guerreiro foi o remate perfeito para um tema que fala sobre as personagens deambulantes que habitam as ruas da cidade.
“Lisboa” | Tara Perdida (2013)
Em Dono Do Mundo, de 2013, os Tara Perdida incluíram “Lisboa” no alinhamento. A música, altamente melancólica, saudosista e emocional, fala de partidas e do adeus à cidade que às vezes se diz sem se querer. É um tema que rompe com a sonoridade habitual dos Tara Perdida, pioneiros do movimento punk-rock português.
Depois do desaparecimento de João Ribas, vocalista do grupo, Tim dos Xutos & Pontapés continuou a colaborar na interpretação deste tema nos concertos de homenagem a Ribas.
“Midnight in Lisbon” | Richie Campbell (2017)
Richie Campbell faz parte da nova geração da música nacional e tem provado ser músico talentoso, esgotando salas pelo país inteiro.
Primeiro mais ligado ao reggae, atualmente mais próximo do dancehall e também do R&B, Richie lançou “Midnight in Lisbon” em 2017, como single de avanço de Lisboa, editado no mesmo ano. E não há maior declaração de amor à capital do que um álbum com o seu nome, certo?
“Nova Lisboa” | Dino d’Santiago (2018)
Dino d’Santiago inspirou-se nas suas raízes cabo-verdianas e nas vibrações africanas, pegou em sonoridades eletrónicas e no R&B, sentiu Lisboa e fez magia em Mundu Nôbu.
Na sua música, sente-se a Lisboa que tem dentro Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e “Nova Lisboa” é um retrato fiel da cidade atual, onde confluem nacionalidades, novas culturas e várias tendências num turbilhão artístico e criativo. “Está quente, Lisboa”!