Num século, a Lisboa Menina e Moça cresceu e tornou-se mulher.
Em alguns casos, nem parece a mesma, de tão diferente, embonecada e cosmopolita, noutros continua genuína e tradicional, como se o tempo não tivesse passado por ela.
Mas o que é que mudou realmente? Fomos à procura da resposta e saímos à rua de máquina fotográfica em punho com um objetivo em mente: comparar o antes e o depois, como se o passado e o presente ficassem congelados numa só imagem.
Vem daí connosco numa viagem pelo tempo desde o início do século XX até ao ano de 2019. A primeira paragem é a icónica Rua do Carmo, no Chiado.
Rua do Carmo no Chiado
Este é um dos casos em que tanta coisa mudou mas, ao mesmo tempo, a essência e o charme de sempre permaneceram.
As fachadas da Joalharia do Carmo (87B) e da Luvaria Ulisses (87A) continuam incontornáveis, quase iguais, chamando a atenção de quem passa pela sua beleza.
Aberta desde 1924, a primeira vendia sobretudo pratas decorativas e joias (colares, brincos, alfinetes com safiras e brilhantes), enquanto agora um dos principais negócios é a filigrana portuguesa.
Já para a Ulisses, fundada em 1925, os tempos também são outros. Se nos anos 20 do século passado, nenhuma senhora gostava de sair de casa sem o seu par de luvas, hoje são poucas que as usam. Mas ainda há clientes que continuam fiéis.
Igualmente diferente está a vida de rua. Onde antes circulavam carruagens puxadas a cavalos ou a burros e um ou outro automóvel, agora anda-se a pé (a rua tornou-se pedonável) e… de trotinete.
O vestuário, claro, também mudou radicalmente. Os fatos completos e os chapéus são agora uma raridade, com o calçado e a roupa descontraída a marcarem a moda atual.
Nesta espécie de “descubra as diferenças”, vale a pena reparar noutros detalhes, como o empedrado e a calçada portuguesa dos passeios que se mantêm. Mas também numa discreta (e simbólica) boca de incêndio que agora existe junto à Luvaria Ulisses.
O que ficou do passado na Rua do Carmo? Memórias, saudades, muito charme e algumas lições.
Foto antiga (captada em inícios do século XX)
Foto atual (captada em 2019)
As duas fotos sobrepostas
Foto de capa/Montagem: Ringo Giacobelis