Lisboa é conhecida pelas suas colinas, pela sua doçaria e pela sua magnífica luz. Temos a calçada portuguesa e temos, ainda muitas lojas históricas.
Este património, escondido entre ruas e bairros, é um autêntico símbolo da cidade, que marcaram (e marcam) o dia a dia dos lisboetas. Ultimamente, para grande tristeza nossa, algumas têm mesmo fechado as portas, outras já anunciaram o fim ou até já estão em liquidação total.
Mas, no que depender de nós, elas jamais serão esquecidas.
Camisaria Pitta – Rua Augusta, 195 e 197
Fundada em 1887 na Rua de São Julião, mudou-se mais tarde, para a Rua Augusta. E foi de lá que anunciaram o fecho. É uma loja à moda antiga, onde os fatos são feitos por medida e ajustados a cada corpo. Aqui tiram-se medidas, cortam-se os tecidos e cosem-se, tudo à vontade do freguês. Inspirada nas alfaiatarias inglesas, foi a camisaria mais antiga de Península Ibérica em funcionamento. É um marco na Rua Augusta, nem que seja pela sua fachada em madeira.
Casa Frazão – Rua Augusta, 259 a 265
Em plena Baixa, Manuel Alves Frazão fundou, em 1933, esta loja de tecidos, que viria a ser uma grande referência. Aqui vendem-se (ou vendiam-se) panos, lenços, tecidos de verão, de inverno, para homem, para mulher, rendas e muito mais. Quando o Sr. Frazão faleceu, deixou o negócio aos funcionários, que hoje ainda são os sócios da Casa Frazão. E foram estes que anunciaram o fim desta famosa casa: quando terminar o stock, fecham as portas. Quem por lá passou, não irá esquecer tão rápido as cores dos tecidos e o grande letreiro luminoso da entrada.
La Gôndola – Avenida de Berna, 64
Mesmo com petições e artigos de ‘revolta’, há quase um ano que fechou o mais famoso restaurante da Avenida de Berna, o La Gôndola. Desde 1941, situado numa pequena moradia branca de janelas amarelas, este restaurante de comida italiana estava no nosso coletivo emocional. Nem que fosse pela enorme buganvília enrolada numa roseira no pátio, o que era para muitos, como uma imagem de marca do La Gondola. Aqui serviam-se refeições de luxo, requintadas e foi o primeiro restaurante italiano na capital.
Livraria Aillaud & Lellos – Rua do Carmo, 88
Na Rua do Carmo existia, desde 1931 e até ao início deste ano, a famosa livraria Aillaud & Lellos. Decorada em estilo Art Déco, com uma fachada marcante, totalmente revestida a mármore e com colunas esculpidas ao lado da porta. Era, sem dúvida, um marco para todos os que passavam naquela rua tão comercial, com a sua montra cheia de livros. Vai de certeza deixar saudades.
Pastelaria Suíça – Praça Dom Pedro IV, 96 a 104 (Rossio)
Foi fundada em 1922 e há uns dias anunciaram que iria fechar brevemente. Consta que foi das primeiras pastelarias com esplanada, em Lisboa. Rapidamente ficou muito conhecida pela elevada qualidade e pelo excelente atendimento. É um café de culto e foi frequentado por intelectuais durante o Estado Novo.
Este assunto é tão sério para a cidade, que em 2016 foi criada a iniciativa de ‘Lojas com História’, para proteger o património e os arrendatários destas lojas. Podes visitar o site desta iniciativa para descobrires mais lojas.
Se queremos que estas lojas continuem a existir e a lembrar-nos quem somos e de onde viemos, temos de frequentá-las. Que tal ir beber um café na Minhota ou visitar um alfarrabista do teu bairro? Ou, ainda passar no Hospital de Bonecas nem que seja para dar um olá?